TEÓRICOS PRINCIPAIS
Lewin – Tornou-se professor titular de Psicologia da Universidade de Berlim em 1926. Em 1933 teve que fugir às pressas da Alemanha, por ser judeu. Foi para os EUA, onde é convidado a ensinar na universidade de Stanford. Passou pela Universidade de Cornell, de Iowa e voltou, em 1939 para a Universidade de Stanford. Nesse mesmo ano (que é o do início da Segunda Guerra), começou a estudar psicologia dos grupos – o que fez durante os próximos anos, até fundar, em 1945 (ano do final da guerra), a pedido do MIT, um centro de pesquisas em dinâmica de grupos que se tornou o mais conhecido dos EUA.
Bion – o inglês – entrou na clínica Tavistock, onde praticou psiquiatria. Foi analisado por um discípulo do Freud de 1937 a 1939. Em 1940 voltou ao exército, e passou a se dedicar à reabilitação dos pilotos da RAF e desenvolveu um sistema de seleção de oficiais utilizando técnicas de “grupo sem líder”.
Moreno – saiu da Europa para os Estados Unidos ainda em 1925. Lá, trabalhou com o psicodrama e com a sociometria – um método que desenvolveu para entender as relações emocionais existentes dentro de um grupo. Através dessa ferramenta se pode detectar a estrutura do grupo, seus líderes informais, o grau de isolamento ou participação de um dado membro do grupo e outros dados sobre as relações intergrupais.
Nesse período o estudo da Dinâmica de Grupo não se limitou a esses três personagens. Durante a década de 40 – em especial na sua segunda metade – vários centros acadêmicos começaram a fazer pesquisas sobre grupo nos EUA. Os temas principais dessas pesquisas e estudos são a pressão social sobre os membros dentro de um grupo, as diferenças de comportamentos entre grupos cooperativos e grupos competitivos, a comunicação dentro dos grupos e as influências dos diferentes estilos de liderança.
Dentro desse último tópico uma pesquisa de Lewin e sua equipe teve especial destaque. Realizada em 1939, investigava o clima de grupo, os conflitos internos nos grupos e os estilos de liderança. Seu propósito era determinar como os líderes de diferentes estilos afetavam as propriedades e comportamento dos grupos.
A própria criação do centro de pesquisas liderado por Lewin, no MIT, é resultado desse clima geral. Um exemplo dessa disposição de entender o funcionamento dos grupos com a finalidade de usar esse conhecimento na construção de grupos mais produtivos e/ou harmônicos foi a criação do Laboratório Nacional de Treinamento para o Desenvolvimento de Grupo pela Divisão de Educação de Adultos da Associação de Educação Nacional (dos EUA). Esse laboratório oferecia um seminário de três semanas para profissionais de diversas áreas que quisessem melhorar seus conhecimentos sobre grupos e suas habilidades como membros e condutores deles.
Mas o interesse nos grupos não se restringiu aos laboratórios de pesquisa acadêmicos. O uso dos grupos em psicologia e psiquiatria, como forma terapêutica, também teve um incremento significativo nessa década e nas décadas seguintes. Carl Rogers, psicólogo que foi um dos expoentes do que ele próprio denominava de “movimento dos grupos de encontro”, destacava, ainda, uma outra vertente: os grupos em seu aspecto terapêutico passaram a ser muito usados não apenas como o grupo terapêutico formal (psicoterapia em grupos), mas também como grupos mais informais mais igualmente de caráter terapêutico. É esse o caso dos de workshops de imersão e de grupos de encontro periódico, como os de alcoólatras anônimos, grupos de mulheres e outros.
Bales – década de 50, desenvolveu um método para observar e codificar comentários feitos por participantes em pequenos grupos de resolução de problemas. O tratamento dos dados assim coletados foi denominado “análise do processo de interação”, e mostrou que tipos de sugestões, perguntas e acordos apareceriam mais provavelmente em cada fase dos esforços de um grupo de solução de problemas. Esse trabalho foi a base de vários estudos de pequenos grupos. Seu ponto de concentração, entretanto, não é o grupo como um todo e seu funcionamento, mas os atos e papéis individuais dentro de um grupo.
Foi na década de 60 que se observou uma alteração significativa nos estudos da Dinâmica de Grupos. Concomitantemente à aceitação acadêmica da Dinâmica de Grupos como uma subdisciplina formal, houve um decréscimo no número de estudos sobre o tema. Muitos pesquisadores que até então se dedicavam ao assunto passaram a se interessar por outros temas. Segundo alguns autores, esses pesquisadores “migraram” da pesquisa sobre grupos principalmente para a pesquisa de fenômenos pertinentes aos indivíduos.
PONTOS IMPORTANTES DA HISTÓRIA DA DINÂMICA DE GRUPO
– A dinâmica de grupos surgiu em um mundo que assistia ao maior e mais terrível fenômeno de massa – a guerra. E, dentro desse fenômeno, via o que poderia ser considerado o pior dos pesadelos: o facismo e o holocausto dos judeus e outras minorias étnicas.
– Uma liderança individual (Hitler), com um grupo de apoio pequeno, foi capaz de levar uma nação toda a participar de um dos piores momentos da história humana.
– Os Estados Unidos, o local onde o estudo da Dinâmica de Grupos mais se desenvolveu, é um país de imigrantes – que teve um processo acentuado de incremento da imigração no final do século passado e início deste. Podemos considerar que o imigrante é alguém que sofre um processo de desligamento de seu grupo de origem (país, comunidade, família) e que tem que passar por um processo de reinserção em novos grupos que, muitas vezes, adotam códigos de ética e padrões de comportamento diferentes daqueles de seus grupos de origem.
– Nessa mesma época (final do século passado início deste) ocorria, especialmente nos EUA, um processo de industrialização acentuada – inicialmente durante o período de recuperação econômica do país, mais tarde como parte do esforço de guerra. O trabalho nas fábricas exigia que se desenvolvessem equipes capazes de produzir harmonicamente.
– Nesse período, os Estados Unidos receberam uma “imigração de cérebros”, formada por europeus que fugiam da guerra. Entre eles, estava um dos fundadores do estudo da dinâmica de grupo, Kurt Lewin, que fazia parte de uma minoria ética – era judeu.
– Um outro europeu judeu e imigrante desempenha um papel importante em uma outra vertente do trabalho com grupos: é Jacob Moreno, o criador do psicodrama e da sociometria. Podemos, a grosso modo, dizer que enquanto Lewin estuda os grupos, Moreno os coloca em movimento.
– Na sua fase inicial, a pesquisa e teoria da dinâmica de grupos tiveram dois grandes expoentes: Kurt Lewin na América, Bion na Inglaterra. Ambos tiveram experiências diretas de guerra.
– Nas décadas posteriores à Segunda Guerra Mundial o estudo da Dinâmica de Grupos passou por um processo de encolhimento. Paralelamente, o interesse dos indivíduos na participação em grupos que, de maneira bastante ampla, podem ser chamados de terapêuticos, aumentou. E a participação nos grupos de trabalho se tornou obrigatória
Fonte: Texto copilado do Caderno Sociedade Brasileira de Dinâmica de Grupo por Rosana Freire, Psicóloga, Professora, Especialista em Dinâmica de Grupo e Mestre.